UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Cibele Naidhig de Souza Carrascossi
Titulo GRAMATICALIZAÇÃO E (INTER)SUBJETIVIZAÇÃO NA MODALIZAÇÃO EM PORTUGUÊS: UM ESTUDO DE PODE SER
Orientador(a)
Data 19/09/2011
Resumo Neste trabalho, investiga-se a expressão modalizadora pode ser em dois contextos sintáticos distintos: a) como predicado encaixador de proposição (pode ser1); b) como construção independente (pode ser2). Nesses contextos, o verbo modal constitui, com a forma infinitiva, uma fórmula fixa, rotinizada, com alta produtividade no nível discursivo. Assim, sob base teórica funcionalista (DIK, 1989, 1997), busca-se descrever a atuação de pode ser nos níveis semântico, sintático e pragmático. Para tanto, o corpus utilizado é composto por textos contemporâneos do português brasileiro, de escrita e de fala. Investigam-se os processos subjacentes à multiplicidade de usos da construção, avaliando-se a hipótese de gramaticalização (HEINE et al., 1991b; TRAUGOTT; HEINE, 1991; HOPPER; TRAUGOTT, 1993, entre outros) e de (inter)subjetivização (TRAUGOTT, 1989, 1995a, 2010, entre outros; TRAUGOTT; DASHER, 2002). A pesquisa revela que há encaminhamentos condizentes com a gramaticalização, mas que não podem ser tomados como definitivos em relação à identificação do processo. As propriedades modalizadoras da construção são exploradas. Pode ser1 apresenta-se como uma forma consolidada de avaliação epistêmica, enquanto pode ser2 não se restringe a esse domínio modal e ambos os usos podem manifestar diferentes direções de modalização: orientada para o falante (marcada pela subjetividade) e orientada para o ouvinte (marcada pela intersubjetividade). O exame das características semânticas e discursivas das ocorrências aponta para um desenvolvimento próprio de (inter)subjetivização. Observa-se, com isso, que a operação da construção desliza da sintaxe (pode ser1) para o discurso (pode ser2). Como predicado matriz, pode ser1 indexa posicionamento epistêmico do enunciador em relação ao conteúdo proposicional da sentença encaixada, enquanto pode ser2 é uma forma independente sintaticamente e pragmaticamente, constituindo um ato de fala atitudinal em reação a outro ato de fala e, portanto, com funcionamento estritamente ligado ao fluxo conversacional. O aproveitamento da construção no jogo discursivo é analisado. Pode ser opera, então, no gerenciamento de pontos de vista divergentes, na busca de aprovação do interlocutor, na orientação da interação comunicativa e nos parênteses epistêmicos, revelando-se um conjunto bastante solicitado, produtivo e útil nas relações interpessoais.

Palavras-chave: pode ser; modalidade; (inter)subjetivização; gramaticalização; gramática funcional.
Tipo Defesa-Doutorado
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