UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Talita de Cássia Marine
Titulo Um estudo sócio-discursivo do sistema pronominal dos demonstrativos no português contemporâneo.
Orientador(a)
Data 17/02/2009
Resumo Partindo de uma perspectiva sócio-discursiva dos fenômenos da linguagem, este estudo apresenta uma análise descritivo-comparativa do sistema dos pronomes demonstrativos do Português do Brasil (doravante PB) e do Português de Portugal (doravante PP), a fim de caracterizarmos a configuração em que se encontram tais pronomes no uso contemporâneo da língua. Para isso, consideramos as formas demonstrativas variáveis e invariáveis (“este/isto”; “esse/isso”; “aquele/aquilo”), analisadas a partir da observação dos seguintes fatores lingüísticos: funções adjetiva e substantiva dos pronomes, matização nas referenciações e usos exofóricos e endofóricos. Cabe ressaltar que as referenciações exofóricas foram tipificados em quatro realizações dêiticas: dêixis espacial, temporal, textual e de memória; já as referenciações endofóricas foram tipificadas a partir de cinco diferentes usos: anáfora fiel, infiel, por nomeação, de memória e por elipse. É importante destacar que este estudo foi parcialmente embasado pelo modelo teórico-metodológico da sociolingüística laboviana (cf.Labov, 1972; 1994) visto que, o principal objetivo deste estudo foi verificar se o sistema pronominal do Português se mostra ternário, tal como determina a norma culta, ou se, tal como já apontaram alguns estudos a esse respeito (cf. Nascentes, 1965; Câmara Jr. 1970, 1971, 1975; Castilho, 1978, 1993; Cid, Costa e Oliveira, 1986; Pavani, 1987; Roncarati, 2003; Marine, 2004; Pereira, 2005), mostra-se, na verdade, binário. Para tal análise foi utilizado um corpus constituído por cartas de leitoras da revista brasileira Capricho, e da portuguesa Ragazza, no período de 1994 a 2005. Esse corpus nos forneceu 1449 ocorrências de pronomes demonstrativos, das quais 667 compuseram a amostra de dados do PB, e 782, do PP. Procedidas as análises, verificamos que nosso corpus favoreceu uma ocorrência expressiva do uso endofórico - a exceção das catáforas – e não favoreceu o uso exofórico. Confirmamos a tese de que o sistema pronominal dos pronomes demonstrativo no PB é, de fato, binário, visto que a predominância de “esse/isso” foi patente nos usos anafóricos, dentro de um corpus cujas referenciações se mostraram eminentemente endofóricas. Para o PP, acreditamos que o sistema pronominal nesta variedade do Português se encontra em um processo de variação, que de ternário tende a se tornar binário, tal como no PB, visto que as formas de 2ª pessoa têm assumido uma freqüência de uso maior que as de 1ª em situações discursivas que as colocam como formas concorrentes. Cabe ressaltar que as formas demonstrativas de 2ª pessoa foram as mais produtivas em nosso corpus. Por fim, há de se destacar que a análise dos pronomes demonstrativos de 3ª pessoa nos chamou a atenção para a necessidade de se estudar as três formas demonstrativas quando se objetiva descrever o sistema em que se configuram tais pronomes. Isso porque, na medida em que as formas de 3ª pessoa desempenham as mesmas funções referenciais – dêiticas e anafóricas – das formas demonstrativas de 1ª e 2ª pessoas, percebemos que existem situações discursivas em que as formas de 3ª competem com as de 1ª e 2ª e, outras, nas quais são protagonistas. Da mesma forma, existem situações discursivas cuja referenciação é protagonizada ora por “este/isto”, ora por “esse/isso”.

Palavras-chave: pronomes demonstrativos; variação e mudança lingüísticas; referenciação, Português do Brasil; Português de Portugal.
Tipo Defesa-Doutorado
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