UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Cristina Aparecida Migliorança
Titulo Espaços diferentes, olhares diferentes: uma análise do atentado a D. Pedro e da Proclamação da República na visão portuguesa e na brasileira
Orientador(a)
Data 08/05/2003
Resumo Com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso, nesse trabalho, analisamos textos jornalísticos, veiculados em jornais brasileiros e em jornais portugueses, no ano de 1889. O objetivo que norteou nossa pesquisa foi o de mostrar que os textos jornalísticos não estão isentos de subjetividade e não são neutros, mas comprometidos ideologicamente. Assim, o sentido das palavras dependerá da formação discursiva e ideológica de quem as profere. A subjetividade, entretanto, não se reduz ao emprego da 1ª pessoa (eu), conforme assinala Benveniste, mas se evidencia, também, pelas vozes que o sujeito traz ao seu texto (heterogeneidade mostrada), harmonizando-as e imprimindo coerência ao texto produzido.
Examinando um corpus constituído de textos jornalísticos do final do século XIX, veiculados no Brasil e em Portugal, verificamos uma arena de discursos que polemizam entre si. O que nos surpreendeu foi o fato de detectarmos que, no Brasil e em Portugal, existiam formações discursivas favoráveis à monarquia, mas também favoráveis à república. Iniciamos o nosso trabalho pelas análises de textos, a partir do atentado a D. Pedro, embora os documentos históricos não façam qualquer referência a ele, por entendermos que esse ato tem sentido de uma preparação para a Proclamação da República, ou seja, se houve "Vivas à República", seguidas de um atentado, subentende-se que o povo já não estava satisfeito com o regime monárquico. Entretanto, o que se depreende é que os jornais da época, veiculados no Rio de Janeiro e em Portugal, não são unânimes sobre este aspecto. Assim, se de um lado, o atentado é visto como traição, ato de insulto, ato de doido; de outro, seu sentido é o de ato para incriminar os republicanos e não um golpe contra a monarquia. Ressalte-se, ainda, que, para D. Pedro, o atentado é alegria, pois, em decorrência da grande solidariedade prestada pelo povo brasileiro, o imperador pôde perceber o quanto era querido. Quanto ao termo Proclamação, nos textos analisados, observamos os seguintes sentidos: festa, algo benéfico para o povo brasileiro, liberdade, revelando uma formação ideológica e discursiva bem republicana, opondo-se à visão monárquica para quem a proclamação tem o sentido de golpe, de traição.
Tipo Defesa-Mestrado

APG 2.0
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