UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Escolar

Aluno(a) Franciele Del Vecchio dos Santos
Titulo Precarização do trabalho docente no contexto da Educação Básica privada paulista
Orientador(a) Profa Dra Maria Jose da Silva Fernandes
Data 26/05/2023
Resumo RESUMO
O mundo do trabalho tem passado por profundas mudanças nas últimas décadas, sobretudo devido à emergência do neoliberalismo e à reestruturação produtiva. A evolução tecnológica, a desregulamentação e a flexibilização têm modificado significativamente a dinâmica social e laboral. Essas transformações impactam diretamente os setores sociais, redefinindo as relações e o papel de instituições como a família, o Estado e a escola. Especialmente a escola pública vivencia um cenário de crises frente a novos papéis que vão sendo assumidos pelo Estado, ganhando espaço a mercantilização da educação. Nesse contexto, verificou-se um crescimento na oferta de vagas em escolas privadas no Brasil com um incremento de vagas de trabalho aos docentes; contudo, apesar de seu crescimento, a Educação Básica privada ainda é pouco explorada em termos de pesquisas e análises. O objetivo geral desta pesquisa é problematizar as condições de trabalho vivenciadas nas escolas privadas do estado de São Paulo e suas possíveis interferências no trabalho docente. Alinhada a este objetivo, a pesquisa buscou traçar um panorama das escolas privadas do estado de São Paulo a partir dos dados oficiais e da literatura especializada e identificar as características e condições de trabalho dos professores de escolas privadas paulistas. Partiu-se da hipótese de que o trabalho docente nessas instituições é pouco conhecido, constituindo-se um quadro impreciso acerca das condições apresentadas a seus trabalhadores e ocultando-se indícios de precarização enfrentados por seus professores. A quase invisibilidade no campo da pesquisa, associada à insegurança, resulta na submissão dos docentes a condições laborais pouco favoráveis e na ausência de ações voltadas à melhoria de suas condições de trabalho. A pesquisa adota um arcabouço teórico que contempla os estudos e proposições de Antunes (2015), Ball (2004), Dardot e Laval (2016), Enguita (1991, 2001, 2004), Oliveira (2005, 2010), Migliavacca (2010), Tardif e Lessard (2013) e Hypolito (2020). Trata-se de pesquisa qualitativa que teve coleta de dados empíricos por meio da aplicação de questionários eletrônicos respondidos por 263 professores de escolas privadas do estado de São Paulo. Os resultados da pesquisa indicaram tendências de precarização nas condições de trabalho dos professores das escolas privadas paulistas, como carga horária excessiva, instabilidade no trabalho e falta de plano de carreira. Além disso, identificou-se que o trabalho docente é pouco valorizado em um ambiente onde a atuação é pautada por aspectos performáticos e mercadológicos. Outra questão relevante é que muitos professores trabalham como horistas, o que resulta na falta de uma concepção de jornada de trabalho e em uma remuneração inadequada diante da carga de trabalho exigida. Do ponto de vista do trabalho coletivo, a falta de união e parceria entre os membros do universo escolar, aliada ao julgamento competitivo, enfraquecem as relações internas da escola e afetam a saúde mental e emocional dos professores. A cultura da performatividade, que valoriza o desempenho em detrimento das relações interpessoais, gera uma sobrecarga de trabalho e perda de sentido no processo de ensino-aprendizagem, contribuindo para a percepção de desvalorização profissional e falta de autonomia docente. É preocupante a baixa participação dos professores em movimentos sociais, especialmente os sindicatos, uma vez que o principal documento que regula as relações de trabalho na educação privada paulista é firmado entre os sindicatos e as entidades patronais.
Palavras-chave: trabalho docente; Educação Básica privada; precarização do trabalho docente; escolas privadas paulistas.

RESUMEN
El mundo del trabajo ha experimentado profundos cambios en las últimas décadas, sobre todo debido a la emergencia del neoliberalismo y la reestructuración productiva. La evolución tecnológica, la desregulación y la flexibilización han modificado significativamente la dinámica social y laboral. Estas transformaciones impactan directamente en los sectores sociales, redefiniendo las relaciones y el papel de instituciones como la familia, el Estado y la escuela. Especialmente, la escuela pública experimenta un escenario de crisis frente a los nuevos roles que están siendo asumidos por el Estado, dando lugar a la mercantilización de la educación. En este contexto, se ha observado un crecimiento en la oferta de plazas en escuelas privadas en Brasil con un aumento de los puestos de trabajo para los docentes; sin embargo, a pesar de su crecimiento, la Educación Básica privada aún es poco explorada en términos de investigaciones y análisis. El objetivo general de esta investigación es problematizar las condiciones de trabajo experimentadas en las escuelas privadas del estado de São Paulo y sus posibles interferencias en el trabajo docente. Alineada a este objetivo, la investigación buscó trazar un panorama de las escuelas privadas del estado de São Paulo a partir de los datos oficiales y la literatura especializada, e identificar las características y condiciones de trabajo de los profesores de escuelas privadas paulistas. Se partió de la hipótesis de que el trabajo docente en estas instituciones es poco conocido, constituyendo un cuadro impreciso sobre las condiciones presentadas a sus trabajadores y ocultándose indicios de precarización enfrentados por sus profesores. La casi invisibilidad en el campo de la investigación, asociada a la inseguridad, resulta en la sumisión de los docentes a condiciones laborales poco favorables y en la ausencia de acciones dirigidas a mejorar sus condiciones de trabajo. La investigación adopta un marco teórico que contempla los estudios y proposiciones de Antunes (2015), Ball (2004), Dardot y Laval (2016), Enguita (1991, 2001, 2004), Oliveira (2005, 2010), Migliavacca (2010), Tardif y Lessard (2013) e Hypolito (2020). Se trata de una investigación cualitativa que realizó la recolección de datos empíricos a través de la aplicación de cuestionarios electrónicos respondidos por 263 profesores de escuelas privadas del estado de São Paulo. Los resultados de la investigación indicaron tendencias de precarización en las condiciones de trabajo de los profesores de las escuelas privadas paulistas, como una carga horaria excesiva, inestabilidad laboral y falta de plan de carrera. Además, se identificó que el trabajo docente es poco valorado en un ambiente donde la actuación está guiada por aspectos performativos y mercadológicos. Otra cuestión relevante es que muchos profesores trabajan como horistas, lo que resulta en la falta de una concepción de jornada laboral y en una remuneración inadecuada frente a la carga de trabajo exigida. Desde el punto de vista del trabajo colectivo, la falta de unión y colaboración entre los miembros del universo escolar, junto con un juicio competitivo, debilitan las relaciones internas de la escuela y afectan la salud mental y emocional de los profesores. La cultura de la performatividad, que valora el rendimiento en detrimento de las relaciones interpersonales, genera una sobrecarga de trabajo y pérdida de sentido en el proceso de enseñanza-aprendizaje, contribuyendo a la percepción de desvalorización profesional y falta de autonomía docente. Es preocupante la baja participación de los profesores en movimientos sociales, especialmente los sindicatos, ya que el principal documento que regula las relaciones laborales en la educación privada paulista se establece entre los sindicatos y las entidades patronales.
Palabras-claves: trabajo docente; Educación Básica privada; precarización del trabajo docente; escuelas privadas paulistas.
Tipo Defesa-Doutorado
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